sexta-feira, 28 de março de 2008

As muralhas da China

A China é a nação que mais cresce no mundo, em termos econômicos, fique bem claro. Infelizmente, é uma das que menos avança - ainda está na Idade Média - no que se relaciona aos direitos humanos.
Partido único; inexistência de imprensa livre; Judiciário que serve aos caprichos do Executivo; pena de morte (família do suposto criminoso paga, inclusive, a bala da execução pública, feitas em estádios de futebol); repressão homicida, como ocorre agra no Tibet; acesso restrito a internet...
É isso - e muito mais - o que todos teremos de engolir, ou superar, nos próximos dias, por ocasião dos Jogos Olímpicos de Pequim. De fato, é preciso ter muito estômago, para assistir ou participar de uma festa numa espécie de campo de concentração.
A propósitó, já existe quem defenda o boicote ao megaevento como uma forma de constranger as autoridades chinesas e marcar um duro repúdio às coisas que ali se desenvolvem. Penso que esta é uma hipótese, mas acredito que não seja a melhor. Boicotes resultam no endurecimento dos ânimos, dos regimes e dos métodos de opressão. Que o digam os cubanos, escravos de Fidel há quase 50 anos.
A força inspiradora do esporte, a presença maciça de estrangeiros, o intercâmbio de culturas e de idéias, pode fazer cabeças, inocular um sopro de esperança e de justiça para a maioria daquela gente, que vive sem liberdade. Pode fazer, enfim, com que as muralhas de intransigência comecem a cair naquele país.
Na Grécia Antiga, onde se originaram os Jogos Olímpicos, qualquer guerra que houvesse entre as cidades-estado era imediatamente paralisada para que todos pudessem participar, o que ajudava sensivelmente na distensão do conflito e, depois, na união delas contra inimgos externos. O Barão de Coubertein, que trouxe a competição para os tempos modernos, inspirava-se neste exemplo, ou seja, na possibilidade de se alcançar a paz através do esporte. De fato, não há antídoto melhor. Até na Alemanha de Hitler, em 1936, a competição foi realizada. Ali, a vitória do negro americano Jesse Owens (ele ganhou 4 medalhas de ouro) contra a "raça ariana", serviu para mostrar que o fühernão era invencível e que os seus conceitos, o seu modo de governar e o de ver as outras nações estavam errados. A história deu provas disso.
Os princípios Olímpicos de paz, amizade e de bom relacionamento entre os povos precisam prevalecer. Acho que, com a China, não vai ser diferente.