quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Repensar o exame de ordem

Depois de concluir o curso de direito na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), prestei o exame de ordem para poder advogar. Na minha época você podia optar, ou estagiava dois anos ou fazia a prova. Como não arranjei estágio, submeti-me ao exame.
Não é, portanto, em causa própria que me oponho a ele nos moldes em que é realizado nos dias de hoje.
No meio da semana o CESPE e a OAB local divulgaram o resultado da última avaliação. Os organizadores constataram que mais de 80% (oitenta por cento) dos candidatos foram reprovados, o que indicariam o baixo nível do ensino jurídico não apenas no estado, mas também no restante do país, onde o fenômeno se repetiu.
Vi a prova objetiva da primeira fase. As questõe são difíceis. E requerem estudo indormido, além de uma ajudazinha da sorte, para que o recém-egresso da faculdade obtenha êxito. Ouso dizer que muitos advogados militntes, se fossem fazer o exame, teriam dificuldades.
Parabéns, assim, aos que conseguiram pular a fogueria e que se encaminham para a prova prática. Vocês são uns heróis. Agora, é preciso fazer um registro aos que não foram adiante. Não se diminuam por esse fato. Vocês, igualmente, são lutadores. Renovem os esforços que a recompensa virá.
Considero, todavia, que depois de cinco anos fazendo um curso de direito, numa faculdade autorizada (e fiscalizada) pelo governo federal, o bacharel deva ingressar imediatamente na OAB. Ou, em outra hipótese, prestar um exame, com prova de conteúdo restrito à sua área de aptidão, tanto na primeira quanto na segunda fases. Ou, ainda, cumprir um tempo de estágio, como era antigamente.
Acho que o modelo atual, que reprova tanto, precisa ser urgentemente repensado - embora os obstáculos façam com que as pessoas estudem mais - porque possui outro problema que não a suposta deficiência do aluno/candidato: a ilusão de que alguém saia pronto e acabado dos bancos escolares. Nós sabemos que não é assim. Ninguém nasce feito. É o dia-a-dia que vai dar substância ao profissional. E, ao cabo e ao fim, ele será rigorosamente selecionado por um senhor duro e implacável: o mercado.

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